segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O SEXO E AS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA


O livro "A revolução sexual sobre rodas - conquistando o afeto e a autonomia" promete jogar luz num universo pouco comentado ou considerado: a vida sexual das pessoas portadoras de deficiência. Seu autor, o psicólogo Fabiano Puhlmann Di Girolamo, fala com propriedade do tema: além de ser membro docente da Sociedade Brasileira de Sexologia Humana e especialista em integração de pessoas portadoras de deficiência, é também portador de paraplegia, adquirida em acidente.
O livro enfoca o desconhecido universo sexual da pessoa humana e os problemas que a deficiência pode trazer. Apresenta proposta de mudanças e convida o leitor a voltar ou aprender a viver com autonomia.
Segundo Puhlmann, todo ser humano é um ser sexual. "Ser deficiente físico não faz a diferença em termos de sexualidade. Não existe sexualidade diferente. Não existe uma parada na sexualidade, só porque a pessoa ficou deficiente", destacou.
O autor ressaltou que a deficiência física chega na vida das pessoas como alguém que não foi convidado, uma visita inesperada. "Vem comprometer sua vida, e obriga-lo a se movimentar, a enfrentar o sofrimento emocional". Segundo ele, é preciso dizer "não" aos remédios que dopam, não às pessoas que deixam quem possui deficiência sem informação, alienadas do que está acontecendo.
"Apesar do sofrimento emocional, é preciso saber todas as facetas da verdade que você está passando. A imagem que as pessoas têm é a imagem que você mesmo faz. Em geral, é totalmente desfavorável, a sociedade vê o deficiente como se fosse um incompetente, um não eficiente, mas isso é uma imagem preconceituosa e não a realidade; a realidade é o que você é", afirmou.

POTÊNCIA SEXUAL
No livro, Fabiano aborda a questão da insensibilidade física. Como desenvolver a sexualidade, se a pele não responde a carícias ou estímulos sexuais? O autor lembra que o medo da impotência sexual é muito presente nos homens. "Muitas vezes há necessidade de tratamento, só que o homem tem vergonha de falar. O médico também não fala nada, vai passando o tempo, a pessoa vai perdendo os vínculos afetivos, vai evitando ter intimidade. Tudo por causa do medo. Há várias formas e recursos, hoje, para se conseguir a potência sexual", destacou, acrescentando que seu conceito de sexualidade não se restringe às partes genitais, mas abrange o corpo todo.
Puhlmann ensina a conquistar prazer, retomando a vida. "O que se tem que fugir na deficiência física, é da paralisia. E a pior paralisia é a paralisia da própria vida. Tem-se que mudar a cabeça, mudar a postura, aceitar a deficiência, aceitar a cadeira de rodas. Voltar a ser o que era antes, mesmo sendo deficiente. Se tem que usar a cadeira, que seja da cor que você goste, que não seja peso para ninguém", disse.
No livro, Fabiano dá dicas de namoro, para homens e mulheres, e ensina como brilhar e fazer brilhar. "Conquistar alguém é arriscar ser feliz ou sofrer. Deve-se arriscar sempre, se há interesse por alguém. Deve-se usar o brilho pessoal e não ter medo. Não achar que toda vez que uma pessoa diz um não é porque você ficou deficiente, é gorda, é velha, não tem um carro do ano, não ganha o suficiente. A pessoa diz não quando não se usa a estratégia certa, não se suga o sonho da pessoa".
O autor destacou, ainda, que o homem portador de deficiência pode se tornar o provedor da família em todos os aspectos, inclusive fazendo com que a mulher se sinta protegida, segura. "Agora chegou a vez do deficiente ter direito a todos os aspectos da vida, inclusive o da sexualidade. O gancho é a autonomia. Se a pessoa busca a autonomia, a sexualidade acontece naturalmente", finalizou. O livro "A revolução sexual sobre rodas - conquistando o afeto e a autonomia" foi lançado pela editora O Nome da Rosa e está à venda nas livrarias. 

Também pode ser solicitado ao autor pelo e-mail: ibnlpuhl@uol.com.br.
Fonte: http://www.ame-sp.org.br/noticias/qualidade/novas/tequalidade08.shtml

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