terça-feira, 3 de setembro de 2013

Ministério Público do Rio Grande do Sul: NÃO ARQUIVEM o processo de improbidade administrativa no caso da Boate Kiss

 

Ministério Público do Rio Grande do Sul: NÃO ARQUIVEM o processo de improbidade administrativa no caso da Boate KissPOR FAVOR DIVULGUEM O ABAIXO-ASSINADO, O TEXTO ABAIXO É UMA REPRODUÇÃO DO SITE Assine a petição da Boate Kiss

CLIQUE AQUI PARA ASSINAR!!!

Eu e a Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia da Boate Kiss estamos lutando pela não homologação do arquivamento da improbidade administrativa contra a Prefeitura de Santa Maria, feita pelo Ministério Público da mesma cidade.

Motivo: Constata-se diversas irregularidades dentro da Prefeitura de Santa Maria, como na liberação de alvarás, cobrança indevida de taxas e do não cumprimento do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), ambos não levados em consideração pelo Ministério Público.

Devido a essas irregularidades, 242 jovens de Santa Maria perderam a vida, um deles o meu filho, Augusto Malezan de Almeida Gomes. Me sinto pessoalmente confrontada quando vejo que o Ministério Público está tentando aliviar a culpa da Prefeitura.

Uma dor tão grande para tantas pessoas não pode virar jogo político.

Para:
Dr. Eduardo de Lima Veiga, Procurador-geral de Justiça, MP do Rio Grande do Sul
Dr. Luiz Cláudio Varela Coelho, Ouvidor do Ministério Público do Rio Grande do Sul
Dra. Velocy Melo Pivatto, Gabinete de Comunicação Social, MP do Rio Grande do Sul
Samantha Hofmeister Nassif, Assessoria de Imagem Institucional, MP do Rio Grande do Sul

Em nome dos 242 jovens mortos e da dor que ainda assola os milhares de familiares e amigos, peço que os senhores não homologuem o arquivamento do processo de improbidade administrativa contra a Prefeitura de Santa Maria.
Motivo: Constata-se diversas irregularidades dentro da Prefeitura de Santa Maria, como na liberação de alvarás, cobrança indevida de taxas e do não cumprimento do TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), ambos não levados em consideração pelo Ministério Público.
A investigação policial, sériíssima, denunciou a Prefeitura por improbidade administrativa. Não vemos motivo para este processo não ser levado até o fim, a não ser que exista algum interesse político excuso.

Atenciosamente,
[Seu nome]

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domingo, 1 de setembro de 2013

Voluntária de Guaíra (SP) gasta até R$ 300 para confeccionar perucas

Passar horas em frente à máquina de costura criando perucas sempre funcionou como forma de terapia e relaxamento para a cabeleireira Neuza Correa Longo, 66, de Guaíra, vizinha a Barretos (423 km de São Paulo).

Há oito anos, passou a ser também um exercício de amor ao próximo. Ela é a única voluntária que costura perucas, gastando até R$ 300 em material, para depois doá-las gratuitamente ao HC (Hospital de Câncer) de Barretos.

Há 49 anos ela iniciou o ofício de "penteadeira", lembra-se Neuza da maneira como a profissão era chamada.

O trabalho é minucioso e exige paciência e jeito. O primeiro trabalho de Neuza é o de separar os cabelos doados que chegam do HC. Ela agrupa mechas por cor e tamanhos. Os montes são então penteados, e já nesse ato muitos cabelos se perdem.

No passado, ela mesma fazia a terceira etapa: tecer os fios, prendendo-os em uma só faixa, para então costurá-los em um molde plástico no formato da cabeça.

Silva Junior/Folhapress

A cabeleireira Neuza Correa Longo, 66, que costura perucas para doar ao Hospital de Câncer de Barretos

A cabeleireira Neuza Correa Longo, 66, que costura perucas para doar ao Hospital de Câncer de Barretos

Com dores nas costas e para facilitar o trabalho, Neuza decidiu desembolsar dinheiro: ela paga para uma tecedeira que mora em Votuporanga para trançar os fios. Cada faixa de um metro de cabelo custa R$ 25. A base plástica, outros R$ 25.

Como precisa de uma média de dez faixas, chega a gastar do próprio bolso até R$ 300 por peça.

A primeira peruca doada ao HC surgiu como uma forma de prestar ajuda, mas também de agradecer, já que o pai havia passado por tratamento no mesmo hospital.

Ao ver uma moça de 25 anos, sem cabelos, aproximou-se e perguntou se aceitava a peruca como doação. "Ela me abraçava e chorava. Falava: Ah, agora vou arrumar um namorado".

O gesto frutificou, conta Neuza. A jovem casou-se e teve uma filha, antes de morrer. "Foi gratificante."

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/ribeiraopreto/2013/09/1335121-voluntaria-de-guaira-sp-gasta-ate-r-300-para-confeccionar-perucas.shtml

Autismo será tema de debate nesta terça em SP; participe

A Folha promoverá na próxima terça-feira (3), às 20h, um debate sobre formas de inclusão de pessoas com autismo.

Participarão a jornalista Silvia Ruiz, mãe de uma criança recém-diagnosticada, Manuel Vazquez Gil, psicanalista que trabalha com inclusão, Berenice Piana, uma das responsáveis pela aprovação da lei que iguala os direitos de autistas aos de outros deficientes, e Maria Elisa Granchi Fonseca, supervisora de atendimentos a autistas da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais).

O mediador será o jornalista Jairo Marques.

O evento será no auditório do jornal (alameda Barão de Limeira, 425, nono andar).

Inscreva-se pelo e-mail eventofolha@grupofolha.com.bri nformando nome e RG, ou pelo telefone 0/xx/11/3224-3473 em dias úteis.

“Qualquer um está predisposto a desenvolver a depressão”

Para psiquiatra Zanizor Rodrigues, essência do ser humano é bélica, agressiva e erótica

Zanizor diz que ainda há muito preconceito em relação a doenças consideradas subjetivas

ISA SOUSA
DA REDAÇÃO

A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que, em 2030, a depressão será o “mal do século” ou o mal mais prevalente do planeta, à frente do câncer e de algumas doenças infeccionas. De acordo com a entidade, atualmente, cerca de 121 milhões de pessoas têm a doença.

Para o médico psiquiatra Zanizor Rodrigues da Silva, 64 anos, não é que a doença se propagará, mas sim que as doenças consideradas “orgânicas” serão melhor tratadas.

“O que nos diferencia hoje é que temos mais acesso à informação e estão buscando mais assistência. Não aumentou e nem vai aumentar a quantidade de doenças mentais”, afirmou.

Formado há 38 anos pela Universidade Federal Fluminense (UFF), em Niterói (RJ), professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), ex-servidor do Centro Integrado de Apoio Psicossocial (Ciaps) Adauto Botelho, psiquiatra forense, Zanizor é criterioso ao afirmar que o sistema de trabalho ocidental é opressor e desencadeador dos males da alma.

“A competitividade contribui para depressão, para ansiedade ou para as doenças que a pessoa tem predisposição, como diabetes, hipertensão, lúpus, alergias, doenças de pele”, disse.

Desconsiderando que somos uma sociedade doente, o médico, no entanto, afirmou que a predisposição a doenças que não se vê, mas que muito se sente, pode ocorrer com qualquer ser humano.

Confira os principais trechos da entrevista que Zanizor da Silva concedeu ao MidiaNews:

MidiaNews - Como ser humano, todos temos fraquezas. Entre os males considerados da alma, estão depressão, esquizofrenia, anorexia, bipolaridade, transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtorno do pânico, a busca de drogas e álcool e transtornos de personalidades. Qualquer pessoa pode desenvolver um ou mais desses males?
Zanizor Rodrigues da Silva –
Qualquer um. Como psiquiatra forense, eu não me espanto muito com o que o ser humano faz, as grandes maldades, a violência, alguém esquartejar o outro, mesmo porque essas pessoas não têm uma anteninha, elas são desse planeta. O ser humano é complicado mesmo.

"A essência do ser humano é ser bélico, é ser agressivo e é ser erótico. São os dois deuses trabalhando em conjunto: Eros (personificação do amor) e Tânato (personificação da morte). "

A essência do ser humano é ser bélico, é ser agressivo e é ser erótico. São os dois deuses trabalhando em conjunto: Eros (personificação do amor) e Tânato (personificação da morte). O que nos diferencia hoje é temos mais acesso a informações e estão buscando mais assistência. Não aumentou e nem vai aumentar a quantidade de doenças mentais. Não é como um fumo, onde se existiu uma cultura de fumar e, consequentemente a isso, vem diversas doenças. Não, doença mental vai na mesma toada, na mesma quantidade.

MidiaNews - A OMS declarou, recentemente, que são 121 milhões de pessoas com depressão no mundo. Esse número pode ser considerado alto?
Zanizor –
As estatísticas não são muito exatas e é difícil em termos absolutos, mas a população de depressivos é muito grande sim. Além dela, temos algumas outras estatísticas como: 1% da população mundial é esquizofrênica, 1% tem retardo mental, 1% tem epilepsia, em torno de 2% tem transtorno bipolar e mais ou menos 10% tem transtorno afetivo, outros 30% tem transtornos variados, desde personalidade até afeto. Dependência química também encontra sua percentagem: 5% é dependente de álcool. Ou seja, não há uma estatística tão fidedigna em relação a depressão ou outros transtornos.

MidiaNews - O Brasil é o primeiro no ranking entre os países em desenvolvimento (66% da população já tiveram, ao menos, um sintoma e 18% têm ao longo da vida). O latino é conhecido por ser dramático e ter um perfil “mais aberto” do que o europeu, por exemplo. Por que, então, somos tão depressivos?
Zanizor
– Primeiro, porque somos humanos. Não somos de outro planeta. É natural que nós tenhamos passionalismos em relação à vida. A vida é toda passional. Viver é uma grande superação de tensões, de ansiedades, de estados de todos os teores. É preciso administrar a vida afetiva, financeira, social. Viver é uma grande demanda psíquica e não é muito incomum a depressão. Mas não é porque somos brasileiros, é o ser humano de modo geral. Não há sentimentos diversificados em um alemão e um brasileiro.

MidiaNews - O que pode levar à depressão? Existe uma tendência a ser depressivo?
Zanizor –
É muito genérico falar o que pode levar à depressão. Não se pode dizer que existam grupos que sejam mais depressivos ou populações mais ou menos depressivas. A gente entende que se uma pessoa vive em uma área com mais contato com a natureza, em situações menos fechadas, onde há uma divisão do psiquismo com outros, de alguma forma consegue-se diminuir situações de conflitos. Tente imaginar: alguém que fica fechado, dentro de sua casa, convivendo apenas no núcleo familiar e não sai para nada, tende a ter situações mais depressivas.

Ainda assim, a depressão está relacionada com diversos fatores. Não há uma causa específica. Tem causas que são genéticas, a pessoa tem uma vida absolutamente normal e, devido a genética, desencadeia um quadro depressivo, outras causas são das demandas sociais em que pode estar relacionada com a autoestima e a cultura que ela está inserida, o que faz com que venha a ter depressão. Tem causas que são impessoais e imediatas. Há um somatório de fatos e não há uma única causa. Para ter a doença é quando esses fatores são muito prevalentes e a pessoa não dá conta de superar sozinha.

MidiaNews - Em 2030, a depressão será o mal mais prevalente do planeta, à frente do câncer e de algumas doenças infecciosas, segundo a OMS. O senhor a considera, realmente, o mal do século?
Zanizor –
Evidente que, a partir de um determinado momento em que essas doenças orgânicas vão tendo um processo de resolução, entendimento e controle maior, com a esperança de vida aumentando, sobra, obviamente, a área psíquica. E quais são as doenças? Ansiedade, depressão, transtornos de personalidade, entre outros, que acabam aflorando um pouco mais. Não quer dizer que o número de pessoas psiquicamente doentes vá aumentar, mas irá ser mais diagnosticado que os outros, que vão ter uma resolução mais adequada e rápida.

MidiaNews -Seria apocalíptico, então, afirmar que a depressão será o mal do século?
Zanizor -
Apocalíptico e muito simplório dizer que vá ser a doença do século. A depressão sempre existiu em uma constante.

MidiaNews - A depressão é a quarta principal causa de incapacitação em todo o mundo. Se por um lado vemos diagnósticos precoces, por outro, também vemos que o quadro depressivo nem sempre é levado a sério. Por quê?
Zanizor –
A depressão é totalmente deixada de lado e realmente não é levada a sério. O principal motivo é porque não se entende nada que seja subjetivo. Em realidade, tudo que é subjetivo não tem credibilidade. Eu já tive contato com perito do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) falando que depressão não existe, que não tem como dimensionar e nem medir. De fato, nós trabalhamos com uma área subjetiva, nós temos a história do indivíduo.

"A depressão é totalmente deixada de lado e, realmente, não é levada a sério. O principal motivo é porque não se entende nada que seja subjetivo. Em realidade, tudo que é subjetivo não tem credibilidade. "

Às vezes, um transtorno começa de uma forma muito leve, onde é possível superar, e de repente ele entra em depressão profunda e com ideias suicidas. Como é subjetivo, ninguém leva em consideração, não se entende e é bastante incapacitante como as estatísticas mesmo mostram.

MidiaNews - Dessa forma, qual o prejuízo social, então?
Zanizor -
A partir do momento que não se entende, também não se diagnostica e não se busca tratamento adequado, o que acaba tornando a doença crônica, ou seja, pior. Tudo que se descobre inicialmente é mais fácil de tratamento. Se deixar à mercê da sorte, a doença evolui e pode até terminar em uma consequência muito grave.

MidiaNews – Então, o senhor acredita que somos preconceituosos com os males da alma?
Zanizor –
Completamente. E não só preconceituosos como também incompreensíveis. Não se entende a depressão. O que se entende é o documento, o papel, são os exames. A depressão, assim como outras doenças da alma, é uma área que depende de tempo, pesquisa e avaliação. Embora a própria psiquiatria esteja se aprimorado com testes, elaboração de escalas, estudos com áreas do cérebro que estariam mais influenciadas e ressonâncias específicas.

MidiaNews - O senhor acredita que somos uma sociedade doente e pouco compreendida?
Zanizor –
Não. Nós não somos uma sociedade doente. Somos uma sociedade em desenvolvimento, que é complexa, e com uma demanda cada vez maior. Agora, por exemplo, estamos em plena evolução tecnológica que mal dá para acompanhar e que ainda não temos total conhecimento do que significa e do que será daqui a 20 anos. As coisas acontecem muito rápido. Mas, mesmo assim, a sociedade não adoece por conta disso. Ao contrário, todos os indicadores de saúde mostram que estamos melhores do que estávamos há 20 anos.
Não vamos perder controle sobre nossa questão psíquica ou física. Evidentemente que nós vamos nos adaptar. Só que nós devemos entender que essas questões subjetivas vão ser mais estudadas. A esperança é os males da alma tenham uma explicação mais hábil e mais possível para a população, como o próprio Dráuzio Varela tem feito no Fantástico com a série Males da Alma.

MidiaNews - Existe cura para a depressão?
Zanizo –
Às vezes, tem melhora, em outros casos mais severos há o suicídio. A maior parte dos procedimentos tem assistência e melhoras.

MidiaNews - A imprensa tenta noticiar o menos possível a taxa ou casos de suicídio. Um dos princípios, que funciona quase como um pacto no jornalismo, é que, ao falar do assunto, pode-se corroborar com o aumento da taxa. Como a psiquiatria trata o suicídio ou como ele deve ser tratado, de maneira geral? Para psiquiatra, o suicídio tem, pelo menos, três interpretações. 

Zanizor – O suicídio tem muitas abordagens. Na abordagem médica ele é resultado de um desespero ou estado limite. A pessoa está em uma melancolia profunda, em que não vê solução, e acaba tirando a vida. Nós temos mecanismos de prevenir esse tipo de suicídio, tratando bem precocemente, dando importância as tentativas, que para nós é muito sério e serve como uma luz vermelha. Repito: qualquer tentativa de suicídio, por mais banal que seja, é séria. Nós podemos prevenir, fazendo tratamento, ter acompanhamento psicológico, observando a dinâmica da vida da pessoa.

Existe uma outra abordagem que é a filosófica. Nem todo suicídio é doença. Às vezes é uma resistência à vida. Ao mesmo tempo que eu tenho que pagar imposto, eu tenho que estar cheiroso, tenho que estar amando as pessoas, sou pai, sou provedor, sou profissional e sou diversas outras coisas. Assim, sou preso a essa sociedade e, sendo preso, a única coisa que me resta é essa vida. Então como resistência a essa prisão, eu posso dispor da minha vida e me mato.

Exemplo disso foi o ator Walmor Chagas, que não era depressivamente doente, porém se negou a ter uma velhice indigna e resolveu se suicidar. [O ator se matou em janeiro deste ano com um tiro na cabeça. Walmor, 82 anos, tinha diabetes e hipertensão e não queria depender de familiares e amigos.]

Outra questão é a cultural. Os índios Guaranis de Mato Grosso do Sul, por exemplo, se suicidam e não é nada indigno, amoral ou doloso. Por outro lado, existem os homens bomba do Oriente Médio, em que para eles, se matar é eticamente correto. O suicídio tem abordagens muito distintas e não apenas médica. De qualquer maneira não é fácil falar do tema por suas diversas interpretações.

MidiaNews – Atualmente, as crianças mais travessas têm TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com HiperatividadE) e as pessoas mais “sistemáticas” possuem TOC. Os diagnósticos, às vezes, são dados de forma muito precoce?

"A grande verdade é que hoje esses transtornos estão mais à tona. Antigamente, não se falava de déficit de atenção do modo que se fala hoje, e muito menos do TOC. "

Zanizor – A grande verdade é que hoje esses transtornos estão mais à tona. Antigamente não se falava de déficit de atenção do modo que se fala hoje e muito menos do TOC. Ambos são transtornos por vezes impeditivos, em que a pessoa não consegue sair de um impasse, é uma situação dramática. A divulgação é positiva no sentido que mais se fala, se comenta e se descobre.
Não é que o diagnóstico é feito de forma precoce, porém tem que ser feito de forma multiprofissional. Isso quer dizer que tem que haver testes, outras abordagens e não apenas uma opinião.

MidiaNews - Os transtornos estão sendo banalizados e mal empregados?
Zanizor –
Toda questão de comportamento é muito banalizada. O ser humano é complexo e têm núcleos que são mais hiperativos, outros mais sistemáticos, tem gente que é minuciosa e, não necessariamente, todos tem patologia. Quando algo começa a incomodar e a pessoa repete as mesmas coisas, vai tomar um banho e demora três horas, se começa a ser de uma hiperatividade em que não consegue reter nada, isso tem que ser diagnosticado e tratado.

MidiaNews - Mas, essa observação começa de onde, de quem tem o problema ou das pessoas que estão em volta, familiares, amigos, escola?
Zanizor –
De maneira geral são os terceiros que vão observar. Tem que ser levado em consideração o convívio social, como aquela criança ou adulto é na escola, com os amigos, com seu grupo social, se o que não tem importância para os demais acaba tendo uma importância muito grande para quem desenvolveu a patologia. São dados importantes.

MidiaNews - Em relação às crianças e  aos adolescentes, os pais são um pouco cegos?
Zanizor –
Os pais estão em uma vida muito corrida atualmente. Eles praticamente abandonaram a educação dos filhos. Nesse sentido, cabe a escola todos os papéis: dar comida, ocupar o espaço livre, substituir família. O que acontece, no entanto, é que nem o de educar a escola dá conta 100% algumas vezes.

MidiaNews - Qual a opinião do senhor em relação ao uso de medicamentos tarja preta de forma contínua. Eles são mocinhos ou vilões?
Zanizor –
São mocinhos. Os medicamentos tarja preta, obviamente, devem ser usados quando há necessidade. Se houve pesquisa, avaliação e indicação, nós usamos. Com critérios, é claro.

MidiaNews - Mas, existe uma banalização dos antidepressivos?
Zanizor –
Sim. Há banalização porque quem receita antidepressivo são médicos, que nem sempre prescrevem de maneira indicada e não são especialistas naquela área. Usa-se às vezes de forma errada e depois temos que consertar. É muito complicado. O que é preciso, é que se busque especialistas. Medicamento deve ser bem indicado.

"Há banalização porque quem receita antidepressivo são médicos, que nem sempre prescrevem de maneira indicada e não são especialistas naquela área"

 

MidiaNews - Uma vez, ouviu-se falar que a geração que está aí posta não sabe muito bem como realmente crescer e acabasofrendo. Explico: são jovens que têm tudo de “mão beijada” e, quando precisam ir para o mercado de trabalho, percebem que o mundo não é tão fácil como os pais faziam parecer que era. O que esperar desses jovens?
Zanizor –
A vida de hoje é muito mais fácil que era anteriormente. Não tínhamos a tecnologia e qualidade de vida que temos hoje. Óbvio, as demandas que a indústria cultural martela na cabeça deles a indústria do consumo, que é uma verdadeira tortura em relação ao consumismo. O jovem vive nessa demanda, porém, ele se adapta, com o diferencial que estará em uma sociedade menos reprimida.

MidiaNews - Recentemente, uma blogueira, Dai Dornelles, que deixava claro que sofria de anorexia, morreu devido à doença. Mesmo se auto denunciando com o problema, as postagens dela sempre tinham muitas “curtidas”, como se as leitoras achassem bom ser magra. Desde que o mundo existe, os padrões são postos, mas o senhor considera que há um exagero na imposição dos padrões atualmente?
Zanizor –
Lógico. Há uma glamourização terrível que a indústria cultural impõe em termos de modelo de estética. Sempre terá desvios. A questão do uso de “bombas” e testoteronas aumentou, por exemplo. Hoje se nota um padrão de mulheres com coxas gigantes. O problema, no entanto, é quando se espelhar vira obsessão e, passando-se do limite, vira doença.

MidiaNews – Mas, nesse sentido, a internet corrobora?
Zanizor –
Sim, porque é um mecanismo imediato, mas também não significa que irá aumentar mais a quantidade dos desvios de personalidade.

MidiaNews - Segundo a OMS, 2% da população mundial sofrem de transtorno bipolar. A doença, no entanto, às vezes, é confundida ou mudanças de humor já são consideradas bipolaridade. O senhor acredita que há banalização?
Zanizor –
Na verdade, não. Quando alguém fala que fulano é bipolar, tem TDAH ou TOC, prefiro ver pelo lado positivo. Hoje temos muito mais informação que no passado e, a partir do momento que se busca entender ou começar a perceber alguns sintomas, procurar ajuda profissional para verificar se aquilo realmente é uma doença ficou menos difícil. Não acredito que seja negativo.
O transtorno bipolar é muito difícil de ser tratado. Quem convive com a doença ou com pessoas que a têm passam por situações muito dramáticas. A bipolaridade é incapacitante e desestrutura famílias. Ele tem uma parcela genética e grande parte dos pacientes já chega em uma fase bem limítrofe.

Bipolaridade: transtorno causa impeditivos a quem tem e quem convive

Outro problema é que a própria adesão ao tratamento é difícil. Quando se cita a medicina americana, ela fala muito de espectro bipolar. Ou seja, existem pessoas que são ansiosas e têm um pé na bipolaridade, assim como pacientes que têm déficit de atenção ou hiperatividade é também têm um pé na bipolaridade. Ou seja, o transtorno é visto sob uma ótica maior. Quanto mais cedo diagnosticar o quadro, menos difícil poderá ser de tratá-lo.

MidiaNews - Por outro lado, temos o transtorno do pânico que pouco se sabe ou pouco se fala. Ele também é preocupante?
Zanizor -
O transtorno do pânico é muito comum. Qualquer classe social pode ser atingida e se caracteriza por dezenas de sintomas orgânicos, somatizações das mais diversas, que vem subitamente e essa é a principal questão.
O transtorno, no entanto, é fácil de ser diagnosticado. Às vezes você está muito bem e de repente começa a ficar com boca seca, mão gelada, formigamento, o coração dispara, sente falta de ar, tontura, começa a acredita que vai ter um AVC ou um infarto, corre ao médico e não há nada. Outro dia, a mesma coisa. Se não há nada orgânico, certamente é pânico. Tem tratamento, há fórmulas, terapias cognitivas ajudam bastantes e com medicamentos antidepressivos.

MidiaNews - O senhor é psiquiatra forense e uma vez li o senhor comentando sobre psicose em policiais militares, que vivem em um modelo de trabalho, por vezes, opressor. Além deles, quais outras profissões estão na berlinda?
Zanizor –
Hoje, há três profissões que mais constantes e gritantes que vemos nos consultórios e, veja bem, não são necessariamente psicoses e sim transtornos.

Os primeiros são os policiais militares mesmo, que não tem proteção sob o ponto de vista psicológico, não passam muitas vezes por preparo ou reciclagem e vivem em uma área de confronto constante. Neles, por exemplo, vemos uma grande quantidade de alcoólatras, usuários de drogas e quadros psicótico.

Em segundo lugar temos os professores, tão deixados de lado e que também estão sob muita pressão. Além disso, como falamos anteriormente, acabam substituindo os pais ausentes e sofrem pressão de alunos.
Em terceiro lugar estão os bancários. Nesse caso, a principal pressão é porque eles têm que vender dinheiro de qualquer maneira. Existem as metas e, superando-as, outras são impostas.

MidiaNews - Mas, nesse caso, a competitividade ajuda no aparecimento de transtornos, como o que falamos até agora?

"Os serviços públicos são péssimos na área de Saúde Mental e, realmente, houve uma total degradação."

Zanizor – Lógico que ajuda. Você está sob pressão, tem que cobrir suas metas, pagar contas, cuidar da sua família e, ao mesmo tempo, viver sob uma ameaça constante de demissão, uma vez que não há nenhuma segurança nesse sentido. A competitividade contribui para depressão, para ansiedade ou para as doenças que a pessoa tem pré-disposição, como diabetes, hipertensão, a imunidade pode abaixar e causar lúpus, alergias, doenças de pele, etc.

MidiaNews - Mas, o mercado de trabalho, que é o causador, entende essas doenças?
Zanizor –
Acho que o mercado de trabalho ainda é muito agressivo, muito seletivo, tem que tirar o sangue dos trabalhadores de alguma forma e só os mais aptos, ou seja, os que produzem é que ficam no mercado. Se não der conta, pode sair. E as demandas da vida, como uma separação ou um quadro depressivo, não são aceitas. A não aceitação vem, principalmente, porque se você está doente não produz.

MidiaNews - O senhor disse que trabalhou, durante algum tempo, no Adauto Botelho. Recentemente, o MidiaNews fez uma reportagem sobre o fechamento do Pronto-Atendimento do hospital psiquiátrico porque não havia medicamentos e nem leitos. A psiquiatria pública está abandonada?
Zanizor –
Completamente. Os serviços públicos são péssimos na área de saúde mental e realmente houve uma total degradação. Em relação a assistência de psicóticos, é só fazer um levantamento de quantos psiquiatras estão no serviço de assistência, são pouquíssimos. Primeiro, se a população tem necessidade, ou ela não tem atendimento ou é atendida por clínicos.

Segundo, se há necessidade de uma assistência de emergência, vamos imaginar que o paciente está no limite, vai hoje lá no pronto-atendimento do Adauto Botelho: as portas estarão fechadas. Onde ele será atendido? De alguma forma desorganizaram o serviço de referência que existia. Nós não conseguimos internar um paciente atualmente.

Na área de assistência a álcool e drogas, é uma outra situação de abandono feita pelo Governo. Hoje temos um erviço perto do Detran, chama de Unidade 3 do Adauto Botelho, onde a internação é conseguida por meio de ordem judicial. A grande maioria, em torno de 500 pessoas, fica internadas em unidades terapêuticas, que não tem nenhuma assistência médica, nenhuma assistência técnica de qualidade e que são comandadas pelo setor privado ou por pessoas leigas evangélicas, espiritas, católicas ou de outro cunho social e essa é a única alternativa que existe para a população.

Fonte: http://www.midianews.com.br/conteudo.php?sid=266&cid=171166

Dependência tecnológica aumenta procura por tratamento psicológico no Brasil

Especialistas alertam sobre a necessidade de controle do uso das redes sociais. Entre os principais problemas gerados estão a dificuldade de administrar o próprio tempo e transtornos ligados ao isolamento.

Pesquisar no google, trocar confidências no whatsapp, atualizar o twitter e postar fotos no facebook são hábitos corriqueiros, mas não tão inocentes como parecem. Eles criaram uma dependência tecnológica que, em alguns casos, pode resultar em necessidade de tratamento. Entre os principais problemas, alertam os especialistas, está a perda de controle da administração do próprio tempo e doenças relacionadas ao isolamento, o que têm aumentado a demanda nos consultórios psicológicos.

"Quando o tempo pessoal é prejudicado porque eu dedico o tempo para o uso da tecnologia, isso está sendo um problema”, explica Sueli Ferreira Schiavo, psicóloga do Conselho Federal de Psicologia. "Nesse caso, a tecnologia está colocando o tempo das pessoas à disposição de um modelo de consumo, de um modelo de sociedade. Precisa verificar quanto isso pode resolver ou criar problemas na vida dela", analisa.

Ainda não existe um estudo epidemiológico mais aprofundado para poder dizer qual é o impacto do uso descontrolado da internet na vida das pessoas, aponta Sueli, que também é mestre em Educação. Mas o tema faz parte das sessões de terapia dentro dos consultórios.

As pessoas se isolam porque não têm habilidade social e se sentem mais seguras na frente do computador. Na internet, elas conseguem se comunicar melhor – nesse espaço, é possível assumir qualquer identidade. Já as pessoas com dificuldades psíquicas, como timidez ou transtornos psiquiátricos (depressão ou transtorno obsessivo compulsivo) continuam solitárias. "Elas fazem perfis falsos. É como se fosse um novo palco para manifestar essas patologias", aponta Sueli.

Conectado e solitário

O novo cenário inspirou a fundação do Grupo de Dependência de Internet do Instituto de Psiquiatria, formado por profissionais do Hospital das Clínicas de São Paulo. Um dos critérios listados pelo grupo para definir a dependência da internet é ter o trabalho e as relações sociais em risco pelo uso excessivo da tecnologia. A tendência se reflete principalmente no isolamento e na superficialidade.

"As pessoas estão cada vez mais ‘fast'. Tudo tem que acontecer de forma muito rápida, automática e imediata. Lidam cada vez pior com as frustrações do dia a dia. Esse é o pior fenômeno: perder a habilidade para retardar o prazer", observa Dora Sampaio Góes, psicóloga e vice-coordenadora do grupo. Segundo ela, adolescentes e jovens são os mais vulneráveis.

Os casos mais comuns de dependência tecnológica estão ligados às redes sociais, embora celular e videogame também façam parte da lista. O mecanismo criado para promover o encontro pode fazer exatamente o contrário. "É muito comum a gente ir a bar e lanchonete e ver grupos de jovens, cada um conversando via torpedo ou por meio de outro aplicativo, mas com outras pessoas. Então elas não estão ali", analisa Góes. Ela lembra que no meio virtual, perde-se a possibilidade de desenvolver habilidade social. "As pessoas vão ficar cada vez mais solitárias, vão se encontrar menos."

A opinião não é consenso entre os estudiosos da área. O psicólogo da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, ViníciusThomé Ferreira, aponta o poder de união dessas redes. "Os acontecimentos dos últimos meses que mobilizaram a população brasileira para reivindicar mudanças na política nacional são fortes indicativos do poder integrador que as redes possuem para aproximar as pessoas", observa. Ele ressalta que vários protestos foram combinados pelas redes, permitindo a participação de milhares de pessoas. "Isto não é algo que afasta as pessoas, mas aproxima, e foi proporciondado pela existência das redes sociais."

"Estar conectato é estar vivo"

Na avaliação de Sueli Ferreira Schiavo, o uso indiscriminado das redes sociais reflete a necessidade de visibilidade. "As pessoas precisam se sentir visíveis. Isso faz parte de um modelo de sociedade", opina. "As pessoas acham que se relacionam com pessoas, na verdade se relacionam com máquinas. É um modelo de sociedade que gera carência de interação social."

As redes sociais estão reconfigurando a maneira como as pessoas se relacionam, na opinião de Vinícius Thomé Ferreira. Ele acredita que o advento das tecnologias da informação, e especialmente a internet, produziram um impacto sem limites sobre o comportamento humano. "Não importa mais hoje onde você esteja, desde que tenha acesso à internet e uma conta numa rede social, você poderá manter contato em tempo real com pessoas no outro lado do mundo. O espaço já não é mais um problema para que as pessoas se relacionem, pois todos estamos virtualmente conectados", analisa. "Estar conectado é quase um sinônimo de estar vivo."

Sueli diz que a inversão de papeis não é saudável. "Relacionar-se com máquinas não resolve o déficit real de atenção de pessoas. Essas questões podem levar a uma angústia e ansiedade. A tecnologia tem um papel. É preciso saber a diferença entre o papel da tecnologia e o papel das relações humanas."

O limite entre o saudável e o problemático é tênue. "É como se fosse um anestésico da própria vida. Enquanto você está lá, você não está em contato com a sua vida, com as suas dificuldades, com os seus problemas, com as suas metas. Cada vez mais os jovens não querem viver os desconfortos do cotidiano e ficam na tecnologia", avalia Dora.

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/dependencia-tecnologica

'Sou apaixonada por ensinar', diz professora de inglês deficiente visual

Josiele Lima dribla desafios da deficiência para dar curso de formação.
Turma foi formada há seis meses e utiliza livros e material em braile.

Josiele ensina inglês a estudantes com deficiência visual (Foto: Jéssica Balbino/ G1)

Josiele ensina inglês a estudantes com deficiência visual (Foto: Jéssica Balbino/ G1)“I help you to study. Eu te ajudo a estudar”. É assim, no esquema de tradução, que funcionam as aulas da professora de inglês da professora Josiele de Lima, de 26 anos em Poços de Caldas (MG). Mas quem vê a jovem ensinar a língua estrangeira não imagina os obstáculos que ela teve que superar para se tornar professora.

Prematura de seis meses, ela teve a retina queimada por excesso de oxigênio ainda na incubadora e perdeu 100% da visão, mas nunca desanimou por causa da deficiência. “Estou apaixonada por ensinar”, afirma ao ser questionada sobre a profissão que assumiu há seis meses. Duas vezes por semana, ela se desloca do bairro onde vive para o Centro da cidade para dar aulas em uma turma mista e “especial”, formada apenas por deficientes visuais.

Para Josi, como é conhecida, a oportunidade de lecionar não é apenas prazerosa, como desafiante. “Eu gosto bastante, mas também acho que é um desafio e tanto passar o que sei para outras pessoas. Estou muito feliz porque o conhecimento que passo está sendo absorvido pelos alunos e o fato de ser uma turma de deficientes visuais nos coloca no mesmo nível, no entanto, eu pretendo lecionar para turmas regulares também”, pontuou.

A ideia da escola é garantir o acesso ao ensino e por isso, em parceria com a Associação de Assistência aos Deficientes Visuais (AADV), que fornece livros em braile, montou uma turma com alunos bolsistas, conforme explicou a coordenadora da instituição, Michelle Franco. “Nós queremos garantir ao acesso das pessoas ao ensino e convidamos a Josi para dar estas aulas, já que ela e os estudantes estão na mesma condição e o ensino flui até melhor, mas nossa ideia é também que ela ministre aulas para turmas de alunos videntes, como são chamados os que enxergam normalmente”, comentou.

Aprender inglês vai abrir mais portas"

As aulas
Durante as aulas, os estudantes que possuem deficiência utilizam livros em braile e os que têm baixa visão utilizam o material ampliado. As correções das lições são feitas por e-mail e a expectativa é de que eles façam um módulo por semestre.

Para quem frequenta as aulas, essa é uma oportunidade de ampliar os conhecimentos e agregar valor ao currículo, como disse o estudante João Gabriel Lopes do Val. “Aprender inglês vai abrir mais portas na minha vida. Vou ter uma vantagem no mercado de trabalho para quem não fala inglês”, disse.

Quem também acredita nisso é a doceira Giane Cancian, de 38 anos. Ela confessa que antes não tinha tido vontade de cursar inglês. “Eu tinha uma resistência muito grande por causa do inglês da escola regular, mas agora, com uma turma específica, estou me sentindo muito a vontade e aprendendo rápido  também”, pontuou.

Aulas acontecem duas vezes por semana em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino/ G1)Aulas acontecem duas vezes por semana em Poços de Caldas (Foto: Jéssica Balbino/ G1)

Trajetória
As oportunidades nem sempre surgiram facilmente na vida de Josiele. Na infância, ela frequentou a AADV para ser alfabetizada em braile e a partir dos sete anos, entrou na escola regular. Em seguida, conseguiu uma bolsa de estudos de 100% na universidade, onde fez Letras. Para isso, precisava viajar diariamente cerca de 40 km, de Poços de Caldas a
São João da Boa Vista (SP), onde fica o campus.

“Era um pouco mais complicado do que hoje porque não tínhamos tanta tecnologia. A tecnologia ajuda muito quem tem deficiência visual. Mas, o mais difícil mesmo é quebrar a barreira do preconceito, já que muitas pessoas acham que os deficientes não são capazes, mas nós somos”, pontuou.

Prova disso é que a contrapartida para estudar na universidade era integrar um projeto de inclusão, onde ministrava aulas de braile e computação para deficientes visuais e também para pessoas que enxergam.

Atualmente, ela mora com os pais, vai até o trabalho de ônibus e pratica diferentes atividades, além de se preparar para cursar pós-graduação em educação especial.  “Eu costumo brincar que a única coisa que nós, deficientes visuais, não podemos fazer é dirigir, o restante, tudo é possível”, disse.

Por isso, Josi incentiva as pessoas a ‘enxergarem’ para além dos preconceitos e a lutarem pelo que desejam. “Se eu puder dizer algo para alguém, diria para que não fiquem trancafiados em casa, valorizando apenas os problemas e achando que a vida acabou. Tem que dar a volta por cima e ir à luta”, finalizou.

Fonte: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2013/09/sou-apaixonada-por-ensinar-diz-professora-de-ingles-deficiente-visual.html

STF mantém decisão que obriga Gol a dar passe livre a deficiente carente

TRF-1 determinou reserva de ao menos duas poltronas em todos os voos.
Empresa pediu para STF suspender decisão, mas Joaquim Barbosa negou.

O ministro Joaquim Barbosa em sessão que julga recursos do mensalão (Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)O ministro Joaquim Barbosa em sessão do STF
(Foto: Carlos Humberto/SCO/STF)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, negou pedido para suspender decisão que obrigou a companhia aérea Gol a reservar ao menos duas poltronas com passagens gratuitas para pessoas com deficiência e comprovadamente carentes em todos os voos dentro do território brasileiro.

A obrigatoriedade foi determinada em liminar (decisão provisória) da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) no dia 12 de agosto. A Gol, então, entrou com pedido de suspensão de liminar no Supremo, que foi analisada por Barbosa. O presidente do Supremo rejeitou o pedido da empresa na terça-feira (27) e a decisão foi divulgada pela assessoria do tribunal nesta sexta (30).

Quando proferiu a decisão, o TRF-1 informou que a decisão se referia especificamente à Gol pois era a única entre as empresas aéreas que não cumpriam essa regra.

Uma lei de 1994 concedeu o direito do passe livre no transporte interestadual. O Ministério Público, então, entrou na Justiça por entender que isso se estenderia para o transporte aéreo.

Ao analisar o caso, Joaquim Barbosa disse que a decisão do TRF-1 não iria "inviabilizar o transporte aéreo". "Não há comprovação, além de dúvida razoável, de que a decisão impugnada poderia tornar insustentável a exploração dos serviços de transporte aéreo de passageiros."

O hipotético transporte gratuito de até dois passageiros a cada voo não tem intensidade suficiente para retirar o interesse na exploração dos serviços de transporte aéreo"

Joaquim Barbosa, presidente do STF

O ministro entendeu que caberia à Gol demonstrar os reais prejuízos e "ir além de ilações ou de conjecturas".

Joaquim Barbosa destacou ainda as empresas aéreas têm uma série de desonerações e podem obter lucro de outras maneiras.

"O hipotético transporte gratuito de até dois passageiros a cada voo não tem intensidade suficiente para retirar completamente o interesse na exploração econômica dos serviços de transporte aéreo de passageiros."

Fonte: http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/08/stf-mantem-decisao-que-obriga-gol-dar-passe-livre-deficiente-carente.html

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