terça-feira, 17 de maio de 2011

ALTOS E BAIXOS DE UMA VIDA BIPOLAR

image“Sei exatamente como é querer morrer, como dói sorrir, como você tenta se ajustar e não consegue, como você se fere por fora tentando matar o que tem dentro”. A frase, proferida por Winona Ryder no filme “Garota Interrompida”, reflete com exatidão os sentimentos de um portador de uma doença crônica e sem cura: o transtorno bipolar.

O transtorno afetivo bipolar do humor (TAB) é caracterizado pela variação brusca e extrema de temperamento, na qual uma hora a pessoa está eufórica, feliz e satisfeita, e, no momento seguinte, em depressão profunda. Muito se engana quem acha que o distúrbio é relativamente recente. Segundo o psiquiatra José Alberto Del Porto, professor titular da Unifesp, os primeiros relatos referentes à doença bipolar remontam há muitos séculos. “Na realidade, há descrições sobre a doença desde o século I d.C., feitos por Araeteus da Capadócia, sobre a unidade da doença maníaco depressiva”.

A bipolaridade é caracterizada pela ocorrência das fases maníacas, depressivas e pelos estados mistos (sintomas de mania e depressão ao mesmo tempo). As classificações oficiais incluem o transtorno bipolar do tipo I (mania plena e depressão maior) e o transtorno bipolar do tipo II (depressão maior alternada com hipomania – pequena mania -, ou mania mitigada, de menor intensidade e duração). O transtorno bipolar do tipo II é o mais prevalente na população geral, porém ainda pouco diagnosticado.

Fases do Transtorno Bipolar

  • Humor excessivamente animado, exaltado, eufórico, alegria exagerada e duradoura;
  • Extrema irritabilidade, impaciência ou “pavio muito curto”;
  • Aumento de energia, da atividade, começando muitas coisas ao mesmo tempo sem conseguir terminá-las;
  • Otimismo e confiança exageradas;
  • Pouca capacidade de julgamento, incapacidade de discernir;
  • Crenças irreais sobre as próprias capacidades, acreditando possuir muitos dons ou poderes especiais;
  • Comportamento inadequado, provocador, intrometido, agressivo ou de risco;
  • Aumento do impulso sexual;
  • Insônia e pouca necessidade de sono;
  • Uso de drogas, em especial cocaína, álcool e soníferos. Humor melancólico, depressivo;
  • Perda de interesse ou prazer em atividades habitualmente interessantes;
  • Sentimentos de tristeza, vazio, ou aparência chorosa/melancólica;
  • Inquietação ou irritabilidade;
  • Perda ou aumento de apetite/peso, mesmo sem estar de dieta;
  • Excesso de sono ou incapacidade de dormir;
  • Sentir-se ou estar agitado demais ou excessivamente devagar (lentidão);
  • Fadiga ou perda de energia;
  • Sentimentos de falta de esperança, culpa excessiva ou pessimismo;
  • Dificuldade de concentração, de se lembrar das coisas ou de tomar decisões;
  • Pensamentos de morte ou suicídio, planejamento ou tentativas de suicídio.

De acordo com Del Porto, a prevalência do transtorno bipolar, em suas formas típicas (I e II), chega a 1,4% da população geral (Dados baseados em estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos, por Kessler). “No entanto, ao incluir nas estatísticas as formas mais brandas da doença – o chamado ‘espectro bipolar’-, a prevalência chega a 4,5% da população geral, o que faz do transtorno bipolar um verdadeiro problema de saúde pública”, alerta.

Possuidora de uma carga genética amplamente reconhecida, a doença pode ocorrer não só na fase adulta, mas em qualquer fase na vida. “Embora se inicie geralmente no adulto jovem, o TAB pode começar também na infância e na adolescência. Nessa faixa etária, os episódios podem apresentar oscilações muito rápidas do humor, entre depressão e mania, muitas vezes no mesmo dia”. Nesses casos, o diagnóstico deve ser realizado por psiquiatras em conjunto com psicopedagogos. “A enfermidade também acomete os idosos, motivada, na maioria das vezes, por causas orgânicas como as várias formas de demência comuns com o avanço da idade”.

A detecção do transtorno bipolar exige tempo, investigação cuidadosa e, muitas vezes, entrevistas com os familiares do paciente. O diagnóstico precoce é importante, pois pode prevenir recorrências futuras e deterioração da qualidade de vida. “O diagnóstico não pode ser feito de forma ampla. É preciso levar em consideração uma série de critérios, como a duração dos sintomas, alteração no funcionamento do organismo, mudanças no relacionamento social, entre outros. Apesar de não ter cura, é possível prevenir os episódios com o tratamento adequado, que inclui medicamentos estabilizadores do humor e acompanhamento psicoterápico”, orienta Del Porto.

Atualmente, existem no mercado opções de tratamento do transtorno bipolar capazes de reduzir os efeitos colaterais normalmente causados por este tipo de medicamentos. Incluem-se entre elas o Geodon (cloridrato de ziprasidona), que teve uma nova indicação para o controle da mania bipolar aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil. Indicado também para controle da fase aguda, prevenção de recorrência em pacientes bipolares e para portadores de esquizofrenia, o produto tem a vantagem de não apresentar alguns dos efeitos adversos associados aos demais antipsicóticos atípicos, como ganho de peso excessivo e indução à síndrome metabólica (aumento do colesterol, triglicérides e da glicemia).

Aprender a viver com uma condição crônica não é impossível. O psiquiatra ressalta a importância da adoção de alguns hábitos que os portadores de transtorno afetivo bipolar podem adotar no seu cotidiano para ajudá-los a conviver com a doença. “É muito importante a educação do paciente e de seus familiares quanto à necessidade da adesão ao tratamento. Dormir e acordar em horários regulares e evitar os trabalhos em turnos é recomendável, uma vez que o bipolar costuma trocar o dia pela noite. Também é indicado evitar o consumo de álcool, cafeína, cigarros e drogas, como maconha e cocaína, que podem precipitar crises. Outra sugestão é participar de grupos de psicoeducação, que auxiliam e ensinam o paciente a lidar com a doença e prevenir suas recorrências”, orienta Del Porto.

CARRO NACIONAL PARA DEFICIENTES FÍSICOS

Pratyko

Quando se tornou deficiente físico, aos dois anos de idade, o técnico em informática Márcio David sequer imaginava que no futuro poderia ajudar milhares de pessoas como ele. Junto com três amigos, David desenvolveu o Pratyko, o primeiro carro nacional para portadores de deficiência física. "Tudo começou em uma reunião de colegas há oito anos, quando me perguntaram quais eram minhas dificuldades", conta Márcio.

Segundo ele, o maior problema do deficiente que dirige é a transferência da cadeira para o carro, o que não pode ser feita apenas pelo cadeirante. Nascia então um automóvel específico para eles, a partir de um chassi de aço tubular. O Pratyko tem fácil acesso por meio de uma única porta traseira, equipada com elevador que suporta até 200 kg. Esse primeiro protótipo tem motor 250 cm3 de moto, mas Márcio promete novidades no carro de produção. "Virá com câmbio automático CVT e motor de 600 cm3", conta.

O grupo busca incentivos do governo para baratear o carrinho de 2,6 m de comprimento por 1,6 m de largura, que estará à venda em 2013. "Queremos vendê-lo entre R$ 22 mil e R$ 29 mil." Mais de 50 pessoas demonstraram interesse em adquirir o Pratyko por meio do site oficial (www.pratyko.com.br). "É um sonho que vai virar realidade e beneficiar muita gente", finaliza Márcio.

GRANDES CAUSAS

 

ALBINISMO NO CINEMA

"Analuz": novo filme de Guilherme Motta trará protagonista albino

O ator Flávio André vive um catador de material reciclável.

Foto

O longa é baseado em fatos ocorridos na cidade de São Paulo, em 2008

O novo filme do diretor e roteirista Guilherme Motta, “Andaluz”, é o primeiro da história do cinema a ter um protagonista albino, o ator Flávio André. O longa é baseado em fatos ocorridos na cidade de São Paulo, em 2008. No elenco, estão os atores: Luciana Vendramini e João Signorelli.

A história fala de Andaluz (Flávio André), um carroceiro catador de material reciclável, albino, e solitário. Ele testemunha acontecimentos assombrosos no Mosteiro da Luz, quando uma parede interna do Museu de Arte Sacra é demolida para uma descoberta surpreendente.
Perturbado com sua descoberta, faz de tudo para desvendar o mistério, mas ninguém acredita em um simples morador de rua. O único que pode ajudá-lo é Marino (João Signorelli), misto de artista e jornalista, que compra de corpo de alma a briga do catador de materiais recicláveis.
Enquanto luta para desvendar o mistério do Mosteiro, ele mergulha em dúvidas e pesadelos que o fazem perceber que há uma verdade ainda maior que ele terá de enfrentar: a história de suas próprias origens, de sua própria vida.

Albinismo no cinema

Até onde foi possível pesquisar, nunca um albino foi protagonista de um filme. Em “Andaluz”, abre-se a possibilidade para a discussão das dificuldades especiais desse grupo, como visão subnormal e a necessidade de uso de filtro solar, deixando-os altamente propensos a problemas de pele. Tramita inclusive no Congresso lei que obriga o Estado a distribuição gratuita de filtro solar entre os portadores de albinismo.
Outro aspecto decorrente da doença é que muitos são afro-descendentes, o que cria um duplo preconceito, no lar e na sociedade, pois é comum o fato de rejeição paterna ao nascimento de um portador.

O Diretor

Guilherme Motta é formado em Comunicação Social, tendo atuado como editor de jornais e revistas e também como locutor. Tem em seu currículo participações nos longas metragens “Bahia de Corpo e Alma” e “Revoada”. Atua hoje como roteirista, diretor e editor e atualmente está montando o documentário “Sambenê”, produzindo a série “Aubiografia Digital” e escrevendo diversos roteiros para cinema e televisão.

Explicitando característica multimídia, tem ainda envolvimento com teatro e composição musical.

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