quinta-feira, 30 de junho de 2011

TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO HIPERATIVIDADE - TDAH

CONCEITOS

imagem criança desatentaO Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que aparece na infância e freqüentemente acompanha o indivíduo por toda a sua vida. Ele se caracteriza por sintomas de desatenção, inquietude e impulsividade. Ele é chamado às vezes de DDA (Distúrbio do Déficit de Atenção). Em inglês, também é chamado de ADD, ADHD ou de AD/HD. Fonte: Associação Brasileira de Défict de Atenção – ABDA

DSM-IV define o Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade como um problema de saúde mental, considerando-o como um distúrbio bidimensional, que envolve a atenção e a hiperatividade/impulsividade. (Benczik, pág. 25, 2000)

Fonte: BENCZIK, E. B. P. Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade: atulização Diagnóstico e Terapêutica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é responsável pela enorme frustração que pais e seus filhos portadores desse distúrbio experimentam a cada dia. Crianças, adolescentes e adultos hoje diagnosticados com TDAH são freqüentemente rotulados de "problemáticos", "desmotivados", "avoados", "malcriados", "indisciplinados", "irresponsáveis" ou, até mesmo, "pouco inteligentes". A maioria daquilo que lemos ou ouvimos sobre o assunto tem uma conotação negativa. A razão disso é o fato deste transtorno continuar sendo pouco conhecido, apesar dos estudos a respeito terem se intensificado nas últimas décadas e a prática ter mostrado que 3% a 5% das crianças em idade escolar podem ser incluídas nesse diagnóstico. Fonte: www. hiperatividade.com.br.

HISTÓRICO

imagem crianças estudando1890 - Dano cerebral e sintomas de desatenção, impaciência e inquietação.

1902 - Defeito na conduta moral – dificuldade de internalizar regras e limites, e uma manifestação de sintomas de inquietação, desatenção e impaciência. – danos cerebrais, hereditariedade, disfunção ou problemas ambientais.

1917 e 1918 - Encefalites – crianças recuperadas que apresentavam inquietação, desatenção, facilmente impacientes e hiperativas cptos não exibidos antes da doença. Desordem pós-encefalítica.

1937 - Experimenta medicação estimulante com crianças emocionalmente perturbadas. – obteve melhoras. (Médico Charles Bradley).

1937 - Benzedrine – nas medidas de inteligência com crianças (Molitch & Eccles).

II Guerra Mundial - Estudos que indicaram que prejuízo de qualquer parte do cérebro freqüentemente resultava em comportamentos de desatenção, inquietação e impaciência. Crianças com esses comportamentos foram vítimas de prejuízo ou disfunção cerebral (Pesquisadores).

II Guerra Mundial - Hipótese: principal problema dessa crianças era a distração. Uso de medicação psicotrópica, mudanças no currículo escolar, mudanças na sala de aula, pelo professor, como a retirada de decorações excessivas, janelas fechadas (Strauss e colaboradores).

Década de 40

  • Designação: Lesão Cerebral Mínima – apoiou-se em evidências de lesões no SNC.
  • Dificuldades para objetivas a existência da lesão – criaram-se inúmeras denominações.
  • Mudanças na característica do distúrbio, produziram confusão na definição, denominação, prognóstico e tratamento.
  • Hiperatividade, Lesão Cerebral Mínima, Disfunção Cerebral Mínima, Síndrome Hipercinética, Distúrbio de Déficit de Atenção com Hiperatividade etc.

1962- DSM-II – Hipótese de Lesão Cerebral descartadas. Crianças consideradas exibindo Disfunção Cerebral Mínima.

DSM-II – Reação Hipercinética.

Década de 70 - CID-9 – Síndrome Hipercinética

Década de 80 - DSM-III – alterou para Distúrbio do Déficit de Atenção – depois de investigações e ressaltando os aspectos cognitivos da definição da síndrome.

1987 - DSM-III revisado, enfatiza a hiperatividade: Distúrbio de Hiperatividade com Déficit de Atenção.

1993 - CID-10 manteve a nomenclatura de Transtorno Hipercinético.

1994 - DSM-IV denominou como Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade como dois grupos de sintomas: a) Desatenção e b) Hiperatividade/impulsividade.

ETIOLOGIA DO TDA/H

  • Hereditariedade
  • Predisposição genética.
  • Gêmeos univiletinos.
  • Crianças adotivas (pais biológicos)
  • Afeta vários genes (não há um “gene de TDAH)
  • Substâncias ingeridas durante a gestação
  • Nicotina e álcool – alteração no sistema nervoso central (lóbulo frontal)

Sofrimento fetal

  • Alterações nos vasos sangüíneos devido a pressão que o crânio sofre durante a passagem.

Problemas familiares

  • Discordância conjugal.
  • Baixa instrução da mãe.
  • Famílias monoparentais.
  • Nível socioeconômico muito baixo.

Segundo a ABDA - As dificuldades familiares podem ser mais conseqüência do que causa do TDAH (na criança e mesmo nos pais).

Outras causas

  • Alterações no sistema nervoso central.
  • Exposição ao Chumbo.
  • Efeitos colaterais de medicamento (Fenobarbital. Afedrina e Teofilina).
  • Deficiência hormonal (principalmente da tireóide) - abandonado
  • Deficiências vitamínicas na dieta.- abandonado

Do ponto de vista neurobiológico a disfunção ocorre no lóbulo frontal devido o desequilíbrio de neurotransmissores

COMORBIDADES

Mais Freqüentes:

· Transtorno Opositivo-Desafiador

· Transtorno da Ansiedade

· Transtorno do Humor (ansiedade,

depressão, ciclotimia, pânico, etc.)

· Transtorno Depressivo

· Transtorno de Conduta

Menos Freqüentes

· Alergias

· Transtorno do uso de substâncias

· Distúrbios de Aprendizagem

· Distúrbios na Condução Auditiva

· Transtorno Obsessivo-Compulsivo

· Transtorno do Ciclo de Sono

· Transtorno de Tiques

INCIDÊNCIA

  • Prevalência tradicional - 3 a 5 %

Outros estudos realizados em 2003 mostram uma incidência de: 4 e 12 % e 17,1% - na cidade de Niteroi

SINTOMAS

  • Costuma ficar desatento durante as aulas, o que dificulta a leitura de livros e textos.
  • Esquecem recados, material escolar até mesmo a matéria de prova que estudaram na véspera.
  • Recusa fazer atividades que exijam maior esforço mental ou atenção (exemplo: tarefa de casa), por isso precisa que alguém o acompanhe o tempo todo.
  • Tem comportamentos imprevisíveis com mudança brusca de humor até mesmo para realizar atividades de rotina (comer e dormir)
  • O aluno com TDAH só funciona sobre pressão dos pais, professores ou do próprio tempo, no que diz respeito a deveres e provas, pois quando percebem que não tem mais tempo o suficiente para fazê-lo quer reverter à situação correndo contra o tempo.
  • É capaz de ficar hiper-concentrada e não prestar atenção aos acontecimentos em sua volta se interessado ou envolvido em alguma atividade que o chame atenção, o mesmo ocorre se estiver sem qualquer interesse.
  • Se distraí com barulhos externo, basta que alguém fale o seu nome ou ocorra um ruído diferente para que desvie sua atenção. Não consegue manter-se por muito tempo em uma única atividade.
  • Geralmente muito desorganizado com seus pertences e na maneira de fazer suas atividades.
  • Algumas crianças com TDAH têm grande dificuldade em planejar, organizar ou dar início a realização de qualquer coisa, mostrando-se lentas e sem vontade. Já outras começam rapidamente, mas logo abandonam o que começaram para fazer uma nova atividade deixando por sua vez a tarefa inacabada.
  • Quando pede para efetuar duas ou mais tarefas ao mesmo tempo, ou que transmita algum recado com frequência esquecerá pelo menos uma das atividades, pois não consegue seguir mais de uma ordem ao mesmo tempo. 
  • Esquecem facilmente de compromissos ou deveres escolares que precisam ser feitos.
  • Tem dificuldade para permanecer em um único lugar, mesmo por período curto de tempo. Mostra muito ativa e impaciente, não conseguindo manter sentado na sala de aula, missa ou lugares inapropriados ao barulho e correria. Quando forçada a permanecer sentada, fica inquieta revirando o tempo todo na cadeira.
  • Fala alto e de forma excessivamente, é barulhenta, perturbando a classe e sendo frequentemente advertida pelos professores por incomodar os demais.
  • Tem dificuldade em seguir regras e esperar sua vez em jogos, brincadeiras, filas, etc. Fala quando não deve, interrompe as pessoas e responde a perguntas mesmo antes que estas tenham sido concluídas. Muitas vezes, por precipitação, falam coisas inadequadas e se intrometem nas atividades das outras crianças.
  • Mostra-se capaz de se sair bem nas atividades, porém não consegue.
  • Age sem pensar, não avaliando as conseqüências de suas atitudes. Machuca-se com freqüência devido à execução de atividades motoras de risco.
  • Normalmente são estabanadas e acabam derrubando objetos por onde costuma passar.
  • São insistentes e tem baixa tolerância a frustrações, não aceitam respostas negativas. Tem dificuldade em contribuir suas emoções, chora facilmente e age como crianças de menos idade.

Fonte:

BENCZIK, E. B. P. Transtorno de Défict de Atenção Hiperatividade: atualidade diagnóstica e terapêutica um guia de orientação para profissionais. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002.

GOLDSTEIN, Sam. Hiperatividade: como desenvolver a capacidade de atenção da criança. 10ª edição. São Paulo: Papirus, 2004.

DIAGNÓSTICO

Sub-Tipos

  • Tipo hiperativo-impulsivo
  • Tipo desatento
  • Tipo combinado

Sobre o processo diagnóstico

  • Entrevista com pais e/ou responsáveis.
  • Entrevista com a criança
  • Entrevista com professores
  • Avaliação multiprofissional
  • Diagnóstico – DSM – IV-Tr
  • Observações direta.

TRATAMENTO

Segundo Benczik (2000), o tratamento dos portadores de TDAH se baseiam em três dimensões, a saber:

criança desanimada estudandoPsico-Educação:

  • Fundamental.
  • Primeira forma de realizar a intervenção.
  • Capaz de gerar mudanças significativas.
  • Indispensável para o sucesso do processo.

Intervenções Psico-Sócio-Educacionais:

  • Psicoterapia (Terapia comportamental cognitiva).
  • Grupos de apoio e suporte (para pais e portadores).
  • Treinamento para pais
  • Treinamento para portadores (geralmente são pouco auto-observadores).
  • Terapia familiar
  • Treinamento de auxiliares nas estratégias comportamentais

Farmacoterapia:

  • Psicoestimulantes (metilfenidato)
  • Algumas medicações pela presença de Comorbidades, a resposta é desfavorável
  • Antidepressivos (medicação de segunda linha)

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