Os sintomas ao longo do tempo podem até reduzir ou sumir, mas, segundo os especialistas, não há cura definitiva para o TDAH. Apesar disso, é possível conviver com o déficit de atenção e hiperatividade. Principalmente, se o tratamento for multimodal
Não há cura para TDAH, mas há tratamento. Medicação e acompanhamento psicológico trazem qualidade de vida ao portador do transtorno (MAURI MELO)
Não há cura definitiva para o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade. Mesmo que os sintomas se reduzam e até deixem de se manifestar, com o passar dos anos, os especialistas orientam o acompanhamento. Apesar de não haver cura, existe a possibilidade de ter qualidade de vida e conviver bem com o TDAH. O tratamento, chamado de multimodal, envolve medicação, intervenções psicopedagógicas e psicoterapêuticas, além de orientação psicossocial aos pais e professores e ao próprio portador.
O tratamento farmacológico, de acordo com a psiquiatra Maria Conceição do Rosário, professora adjunta do departamento de Psiquiatria da Unifesp, é feito com medicação à base de metilfenidatos ou anfetaminas, prescrita por um médico. As substâncias são estimulantes que agem na produção de dopamina e noradrenalina, substâncias que funcionam como neurotransmissores (levam informação de um neurônio ao outro). A ação dos estimulantes devolve à região do lobo pré-frontal do cérebro a capacidade de agir de forma organizada.
Apesar de alguns efeitos colaterais, como perda de apetite e insônia, os especialistas acreditam que, até o momento, os estimulantes são a melhor opção no tratamento de TDAH. “Os efeitos são transitórios. E dependendo do horário que a medicação é tomada podem até nem aparecer”, explica a psiquiatra. Existem outros medicamentos usados no tratamento que não são estimulantes, mas, de acordo com ela, “o efeito cai muito”. “São usados apenas em pacientes que não se dão bem ou tem comorbidade (outros transtornos associados)”.
As intervenções psicopedagógicas e psicoterapêuticas, junto com a orientação psicossocial aos pais e à escola, têm o objetivo de “tirar o peso do transtorno”, de acordo com o psicólogo Fernando Bryt. “Não somos todos perfeitos. Temos diferentes dificuldades. No caso do TDAH, o que existem são dificuldades específicas. Conhecendo, aceitando e trabalhando essas dificuldades, existe a possibilidade do tratamento se tornar positivo”. Ele lembra ainda que é necessário uma mudança de ambiente, por isso a importância do acompanhamento dos pais e da escola. “Os pais e professores vão aprender a conviver com a criança com TDAH. Antes disso, os professores têm que saber identificar quem são essas crianças”.
Na Capital
Em Fortaleza, existe atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para crianças e adolescentes com TDAH no Hospital de Saúde Mental de Messejana. O Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) tem psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e terapeutas ocupacionais que fazem atendimentos de diagnósticos psiquiátricos. De acordo com o coordenador técnico, o psiquiatra Alexandre de Aquino, cerca de 80 pacientes são atendidos por semana. Nas tardes de quinta-feira, o atendimento multimodal é exclusivo para portadores de TDAH.
Existe ainda o Núcleo de Inovação e Pesquisa do Transtorno por Déficit de Atenção, Hiperatividade e Problemas de Conduta (NIP/TDAH) da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Com a coordenação do psicólogo Fernando Bryt, o núcleo, além de fazer pesquisas sobre o tema, junto ao Naia, pretende movimentar a sociedade na luta para melhorar a qualidade de vida dos portadores de TDAH. “Queremos ajudar a sociedade a se organizar. Para haver uma ajuda mútua entre as famílias e os portadores e a cobrança de direitos”, explica o psicólogo Fernando Bryt. (Gabriela Meneses)
SERVIÇO
O atendimento gratuito a crianças e adolescentes com TDAH no Núcleo de Atenção à Infância e Adolescência (Naia) do Hospital de Saúde Mental de Messejana é realizado às quintas-feiras, das 14 às 17 horas.
Mais informações: (85) 3101 4317
PARA LER
No Mundo da Lua.
Paulo Mattos. Lemos
Editorial, 2001
Melhorando a Atenção e Controlando a Agitação.
Maria Isabel Vicari.
Editora Thot, 2006
Levados da Breca. Marco
A. Arruda. 2ª edição.
Ribeirão Preto, 2008
TDA/TDAH - Sintomas, Diagnósticos e Tratamentos: Crianças e Adultos. Phelan, Thomas W. M.Books do Brasil
Editora, 2005
MULTIMÍDIA
Associação Brasileira do Déficit de Atenção
TDAH Fortaleza
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