quinta-feira, 30 de junho de 2011

DIAGNÓSTICO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO

04/06/09 - 08h00 - Atualizado em 04/06/09 - 09h51

Opinião: déficit de atenção requer diagnóstico preciso

Distúrbio tem características semelhantes a outros transtornos.

Desatenção e hiperatividade são comuns em crianças.

Ana Cássia Maturano - Especial para o G1

Desatenção e hiperatividade são comuns em crianças, diz psicóloga

Foto: Editoria de Arte/G1Falamos da droga ritalina (metilfenidato) na semana anterior e de seu uso banalizado por aqueles que querem melhorar seu desempenho nos estudos e trabalho. A palavra ritalina é rapidamente associada ao Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Que, por sua vez, acabou se banalizando e sendo explicação para qualquer criança agitada e que não aprendia. E que, consequentemente, acabava usando o metilfenidato.

Opinião: Uso de droga para déficit de atenção ilude quem não tem o distúrbio

O quadro de TDAH tem características que o definem, mas que podem também ser encontradas em outros transtornos. Por exemplo, é comum as crianças apresentarem desatenção, dificuldade de controlar seus impulsos e hiperatividade. Geralmente, elas são desorganizadas, estabanadas e não conseguem se manter em uma atividade por um longo período de tempo, passando de uma para outra sem terminar nenhuma. Nem sempre parecem ouvir o que lhes é dito, não atendendo às solicitações que lhes são feitas.

Nesse momento, muitos devem achar que seu filho ou sobrinho tem esse transtorno. Afinal, ele é tão agitadinho? Ora, é preciso tomar cuidado na hora de fazer considerações desse tipo. A maioria das crianças que conhecemos têm essas características, principalmente as mais novas.

E então, TDAH não existe? Existe, existe sim. E é um quadro bem definido. Mas como qualquer transtorno mental, o que o difere do normal não é uma questão de qualidade, e sim de quantidade. No caso, crianças portadoras de TDAH têm características parecidas com aquelas de um nível de desenvolvimento que correspondem ao seu, porém numa intensidade e severidade maiores. Seu jeito agitado e desatento prejudica sua vida em diferentes contextos, inclusive seus relacionamentos sociais, e o quadro se inicia antes dos sete anos.

Acontece que, até pouco tempo, falou-se muito dele. Muitos acharam que entendiam do assunto e passaram a diagnosticar os outros e a si próprios. Inclusive adultos que, após ler um livro sobre TDAH, tinham certeza de ter o distúrbio.

Diagnóstico

Alguns professores, imbuídos de certa autoridade, passaram a identificar muitas crianças com esse transtorno (3 a 5% da população escolar), principalmente aquelas que perturbavam o sossego da aula. Alertavam os pais que chegavam ao consultório do psicólogo ou do médico com o diagnóstico pronto e a medicação indicada. Talvez numa primeira olhada poderia mesmo parecer. Isso ainda acontece. Desta forma, colocando o problema na criança, família e escola se eximem de qualquer responsabilidade.

Porém, como disse acima, as características que a princípio identificam o transtorno, podem estar presentes em crianças sem problema algum ou que apresentam outros tipos de distúrbios. Por exemplo, crianças bastante agitadas às vezes vêm de ambientes emocionalmente patológicos. A desatenção e hiperatividade podem ser características de ansiedade ou depressão.

A criança que está com algum problema nem sempre consegue prestar atenção em outras coisas, pois seu pensamento não sai daquele ponto de angústia. Ou então, a escola está aquém ou além de suas possibilidades, sendo desinteressante para ela, fazendo com que fique desatenta e até agitada.

Alguns déficits físicos também podem levar a um comportamento de desatenção, como dificuldade de visão ou audição. E a utilização de determinadas medicações por vezes deixam as crianças bastante agitadas.

A escola é o lugar privilegiado para se perceber determinadas características das

crianças, principalmente sua capacidade de atenção, de se envolver com as atividades e sua interação social.

Se a escola levantou um problema, ele deve ser levado para um profissional competente que irá orientar a família no melhor caminho a seguir. O primeiro passo, em casos assim, é fazer um diagnóstico cuidadoso, onde se verificará o comportamento da criança em várias situações. Sempre considerando as várias possibilidades do que pode estar ocorrendo com ela.

Se ela apresentar TDAH é muito importante, se for o caso, que ela use a medicação com a prescrição e o acompanhamento de um médico competente, muitas vezes associada a outras condutas. Caso ela necessite do remédio e não o use, problemas de outra ordem podem aparecer dificultando ainda mais sua vida como, por exemplo, dificuldade de aprender e de se relacionar socialmente.

Caso não tenha o transtorno, outras questões podem surgir de modo a permitir entender o quadro e ajudar a criança do melhor modo possível. O importante é que ela seja ajudada em suas reais dificuldades. Só assim ela se sentirá compreendida. O que já será de grande ajuda.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)

Fonte: http://g1.globo.com/Noticias/Vestibular/0,,MUL1181671-5604,00-OPINIAO+DEFICIT+DE+ATENCAO+REQUER+DIAGNOSTICO+PRECISO.html

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