O autor, Patrick Kicarr *, comenta que, de todos os artigos que escreveu, é o que tem provocado a resposta mais emocional por parte de casais, principalmente dos pais. Em suas palavras, “criar uma criança portadora de
TDAH é extremamente difícil, um desafio que, às vezes, provoca um fogo no fundo do plexo solar que sentimos só será extinguido através de uma raiva purificadora. Mas, como bem sabemos, isso só faz com que a criança se sinta vazia, inadequada e diminuída.”
Muitos dos homens que comparecem a seminários sobre TDAH, para aprenderem sobre seu filhos, também são portadores. No entanto, ao contrário dos filhos, cresceram recebendo raiva e abandono da sociedade. Foram rotulados de preguiçosos, maus, desmotivados ou levados a crer que nunca conseguiriam desenvolver seu potencial. Kicarr diz a esses homens que seus filhos podem usá-los como guia. Ser esse guia exige esforço e vontade de mudar conceitos preestabelecidos sobre si próprio e sobre a criança.
Segundo ele, os olhos desses pais expressam a dor que sentem quando pensam no que os filhos têm que enfrentar. A dor é aumentada quando sabem que são a última defesa emocional da criança e, às vezes, a deixam sozinha, desprotegida e vulnerável. Também é possível testemunhar a profunda diferença que o toque compreensivo e o abraço de um pai pode fazer no sentido de reafirmar para o filho que ele é amado, exatamente como é.
Uma criança sabe instintivamente que a mãe a amará sempre - não importa o que aconteça. Os pais, no entanto, devem mostrar esse amor todos os dias para assegurar aos filhos que não serão abandonados física ou emocionalmente. Um pouquinho de amor e carinho por dia faz toda a diferença entre uma criança que acredita em suas próprias habilidades e outra que só enxerga as própria falhas.
Os pais de crianças com TDAH receberam um chamado especial: estar ao lado de seus filhos nas horas das dificuldade emocionais ou comportamentais, dar a seus filhos esperança e coragem, e propiciar oportunidades que os levem a se mostrar através de suas qualidades e não de seus defeitos. Para isso, é preciso reconhecer as experiências e as lutas que essas crianças enfrentam a cada dia e criar um ambiente familiar positivo que permita superar tais dificuldades. Criar e manter um ambiente positivo ao enfrentar o TDAH e as ocorrências concomitantes requer uma mudança consciente e consistente na maneira que um pai encara a si próprio e à sua criança.
Compreender a Frustração Mútua
Como pai, lembrar que, nas ocasiões de frustração pelo comportamento do filho, ele, provavelmente, está sentindo a mesma frustração. Nesse momento, o filho ou a filha pode estar momentaneamente congelado/a no tempo, como um animal paralisado por faróis de carro. O desejo natural da criança de agradar e seguir as regras é suplantado por um estado emocional muito além do seu controle. A cada ordem de "pare com isso" ou a cada indicação de que é um desapontamento para os pais, a dor aumenta e os faróis ficam mais brilhantes.
Não é fácil reverter essa espiral que puxa para baixo, é tarefa que exige mudança da parte do pai na vivência da situação. Os pais sabem que há ocasiões em que a criança perde o controle. Essa falta de controle não é proposital - está diretamente relacionada à falta de habilidade em manter o controle interno. Antecipar essa espiral possibilita identificar com tempo como se deseja reagir às bruscas mudanças emocionais. Isto exige passar conscientemente pelos passos que se deseja dar. Este exercício é especialmente importante para pais que costumam enfrentar a agressividade e a falta de controle do filho de forma semelhante. Compreender o que a criança pode e o que não pode controlar é o primeiro passo no treinamento de ignorar um comportamento impulsivo ou inadequado. Se houver reforço nos movimentos positivos em direção ao sucesso, o filho começará a se ver como um sucesso!
Criar uma Criança Auto-disciplinada
Qual é a relação entre disciplinar uma criança e a criança aprender auto-disciplina? Há uma conexão direta entre a maneira que a criança é disciplinada e o grau em que assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.
Disciplinar uma criança, especialmente uma criança com TDAH, torna-se muito mais complicado pela própria reação emocional ao que consideramos mal comportamento ou outras falhas sociais. Quanto mais consumidos emocionalmente com o comportamento dos filhos, mais os pais ficam propensos a usar estratégias disciplinadoras ineficientes ou inadequadas, como bater, gritar, ameaçar, incomodar ou não demonstrar amor e atenção. Quando a emoção toma conta, o resultado é tipicamente inferior ao desejado, talvez até passível de arrependimento.
Escolher a maneira de disciplinar é um dos aspectos mais importantes ao educar uma criança com TDAH. Kicarr lembra de um pai falando sobre sua própria experiência:
"Eu costumava ser muito mais severo com meu filho. Eu o tratava de maneira normal, quer dizer, eu realmente não levava em consideração o fato dele ter dificuldade em processar informação ou seguir instruções.
Ficava pegando no pé dele e tentando fazê-lo agir como qualquer outro garoto da sua idade. Aprendi que ele não é assim, que não é como a maioria dos seus amigos. Em alguns pontos, já mostra mais controle. Acho que isso se deve ao esforço que estamos fazendo em casa para ser mais consistentes e para reduzir a carga emocional relacionada com as questões problemáticas. Não é que ele não queira fazer as coisas, é só que ele nem sempre consegue fazer as coisas da maneira que os outros querem ou esperam."
Um aspecto essencial ao aprender como disciplinar um filho de maneira eficiente é compreender o que ele é capaz de fazer e quando está mais preparado para fazê-lo. Uma criança com TDAH precisa se apoiar em seu pai nas ocasiões em que não consegue se controlar. Se ele ficar zangado, aborrecido ou fora de controle, não vai poder propiciar o tipo de apoio emocional e disciplinar necessários para resolver o problema.
Uma criança com TDAH precisa do apoio do pai da mesma maneira que uma pessoa com o pé quebrado necessita de muleta. A muleta não é permanente. No entanto, para se sentir confortável na continuação da rotina, é preciso que o pé quebrado e a muleta trabalhem juntos para minimizar o desconforto. À medida que a criança com TDAH amadurece, precisa menos do apoio do pai e mais da sua experiência e de seus recursos. Crianças portadoras de TDAH anseiam por soluções de uma maneira saudável, principalmente quando se vêem como a fonte do problema.
TDAH é extremamente difícil, um desafio que, às vezes, provoca um fogo no fundo do plexo solar que sentimos só será extinguido através de uma raiva purificadora. Mas, como bem sabemos, isso só faz com que a criança se sinta vazia, inadequada e diminuída.”
Muitos dos homens que comparecem a seminários sobre TDAH, para aprenderem sobre seu filhos, também são portadores. No entanto, ao contrário dos filhos, cresceram recebendo raiva e abandono da sociedade. Foram rotulados de preguiçosos, maus, desmotivados ou levados a crer que nunca conseguiriam desenvolver seu potencial. Kicarr diz a esses homens que seus filhos podem usá-los como guia. Ser esse guia exige esforço e vontade de mudar conceitos preestabelecidos sobre si próprio e sobre a criança.
Segundo ele, os olhos desses pais expressam a dor que sentem quando pensam no que os filhos têm que enfrentar. A dor é aumentada quando sabem que são a última defesa emocional da criança e, às vezes, a deixam sozinha, desprotegida e vulnerável. Também é possível testemunhar a profunda diferença que o toque compreensivo e o abraço de um pai pode fazer no sentido de reafirmar para o filho que ele é amado, exatamente como é.
Uma criança sabe instintivamente que a mãe a amará sempre - não importa o que aconteça. Os pais, no entanto, devem mostrar esse amor todos os dias para assegurar aos filhos que não serão abandonados física ou emocionalmente. Um pouquinho de amor e carinho por dia faz toda a diferença entre uma criança que acredita em suas próprias habilidades e outra que só enxerga as própria falhas.
Os pais de crianças com TDAH receberam um chamado especial: estar ao lado de seus filhos nas horas das dificuldade emocionais ou comportamentais, dar a seus filhos esperança e coragem, e propiciar oportunidades que os levem a se mostrar através de suas qualidades e não de seus defeitos. Para isso, é preciso reconhecer as experiências e as lutas que essas crianças enfrentam a cada dia e criar um ambiente familiar positivo que permita superar tais dificuldades. Criar e manter um ambiente positivo ao enfrentar o TDAH e as ocorrências concomitantes requer uma mudança consciente e consistente na maneira que um pai encara a si próprio e à sua criança.
Compreender a Frustração Mútua
Como pai, lembrar que, nas ocasiões de frustração pelo comportamento do filho, ele, provavelmente, está sentindo a mesma frustração. Nesse momento, o filho ou a filha pode estar momentaneamente congelado/a no tempo, como um animal paralisado por faróis de carro. O desejo natural da criança de agradar e seguir as regras é suplantado por um estado emocional muito além do seu controle. A cada ordem de "pare com isso" ou a cada indicação de que é um desapontamento para os pais, a dor aumenta e os faróis ficam mais brilhantes.
Não é fácil reverter essa espiral que puxa para baixo, é tarefa que exige mudança da parte do pai na vivência da situação. Os pais sabem que há ocasiões em que a criança perde o controle. Essa falta de controle não é proposital - está diretamente relacionada à falta de habilidade em manter o controle interno. Antecipar essa espiral possibilita identificar com tempo como se deseja reagir às bruscas mudanças emocionais. Isto exige passar conscientemente pelos passos que se deseja dar. Este exercício é especialmente importante para pais que costumam enfrentar a agressividade e a falta de controle do filho de forma semelhante. Compreender o que a criança pode e o que não pode controlar é o primeiro passo no treinamento de ignorar um comportamento impulsivo ou inadequado. Se houver reforço nos movimentos positivos em direção ao sucesso, o filho começará a se ver como um sucesso!
Criar uma Criança Auto-disciplinada
Qual é a relação entre disciplinar uma criança e a criança aprender auto-disciplina? Há uma conexão direta entre a maneira que a criança é disciplinada e o grau em que assume responsabilidade por suas próprias ações e comportamento.
Disciplinar uma criança, especialmente uma criança com TDAH, torna-se muito mais complicado pela própria reação emocional ao que consideramos mal comportamento ou outras falhas sociais. Quanto mais consumidos emocionalmente com o comportamento dos filhos, mais os pais ficam propensos a usar estratégias disciplinadoras ineficientes ou inadequadas, como bater, gritar, ameaçar, incomodar ou não demonstrar amor e atenção. Quando a emoção toma conta, o resultado é tipicamente inferior ao desejado, talvez até passível de arrependimento.
Escolher a maneira de disciplinar é um dos aspectos mais importantes ao educar uma criança com TDAH. Kicarr lembra de um pai falando sobre sua própria experiência:
"Eu costumava ser muito mais severo com meu filho. Eu o tratava de maneira normal, quer dizer, eu realmente não levava em consideração o fato dele ter dificuldade em processar informação ou seguir instruções.
Ficava pegando no pé dele e tentando fazê-lo agir como qualquer outro garoto da sua idade. Aprendi que ele não é assim, que não é como a maioria dos seus amigos. Em alguns pontos, já mostra mais controle. Acho que isso se deve ao esforço que estamos fazendo em casa para ser mais consistentes e para reduzir a carga emocional relacionada com as questões problemáticas. Não é que ele não queira fazer as coisas, é só que ele nem sempre consegue fazer as coisas da maneira que os outros querem ou esperam."
Um aspecto essencial ao aprender como disciplinar um filho de maneira eficiente é compreender o que ele é capaz de fazer e quando está mais preparado para fazê-lo. Uma criança com TDAH precisa se apoiar em seu pai nas ocasiões em que não consegue se controlar. Se ele ficar zangado, aborrecido ou fora de controle, não vai poder propiciar o tipo de apoio emocional e disciplinar necessários para resolver o problema.
Uma criança com TDAH precisa do apoio do pai da mesma maneira que uma pessoa com o pé quebrado necessita de muleta. A muleta não é permanente. No entanto, para se sentir confortável na continuação da rotina, é preciso que o pé quebrado e a muleta trabalhem juntos para minimizar o desconforto. À medida que a criança com TDAH amadurece, precisa menos do apoio do pai e mais da sua experiência e de seus recursos. Crianças portadoras de TDAH anseiam por soluções de uma maneira saudável, principalmente quando se vêem como a fonte do problema.
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