sexta-feira, 30 de maio de 2014

Após passagem pela cadeia, ex-Twister lança carreira solo e dá aula para crianças autistas

Sander Mecca foi uma criança prodígio. Cresceu cantando na televisão e tornou-se famoso com a boy band Twister. Hoje, aos 31 anos, após passar uma temporada na cadeia, por tráfico de drogas, ele aposta em uma carreira solo.

De quarta-feira (28) a 4 de junho, ele faz uma temporada no Tom Jazz, em São Paulo, com o show O Lado A da Canção, em que interpreta músicas de compositores como Edu Lobo, Chico Buarque, Tim Maia, Ismael Silva, Francisco Alves, Zé Rodrix, Sá e Guarabira, entre outros.

O músico também vem fazendo um trabalho voluntário com crianças autistas. "Foi uma das melhores e mais gratificantes ações no qual me envolvi. Já estou há uns dois meses fazendo um trabalho que me surpreende e ilumina à cada aula que passa. Estou encantado realmente... É um trabalho muito especial, diferente, ousado, e tenho aprendido muito com eles. Já estou com três alunos, estou amando", afirma.

No show, Sander se apresenta com Peo Fiorin, Márcio Guimarães, Fábio "Sá" Sameshimae Júnior Gaz. Leia a conversa dele com o Virgula em que ele falou de boy bands, como a temporada impactou a sua música e que prepara um crowdfunding para lançar seu primeiro álbum solo.

Quando você ouve uma boy band hoje em dia e a música que faz sucesso, pensa que a música pop retrodeceu ou melhorou dos anos 2000 para cá?

Acho que retrocedeu. O conteúdo das letras é próximo ao zero, poesia nunca existiu. Porém, atualmente, além do conteúdo e poesia "nulos", as letras são na sua grande maioria, agressivas, machistas, apelativas. E pior: colocam a imagem da mulher na sociedade como objeto de satisfação, contribuindo para o retrocesso total do pensamento humano. Voltando à era do fogo.

O que de positivo você tirou do tempo do Twister?

Minha experiência com o Twister foi fundamental!  Me sinto muito iluminado por essa chance,  afinal de contas. Acredito que são ínfimos os adolescentes como eu, que aos 17 anos tiveram oportunidades como eu tive. Participar do mainstream pra valer, com tudo que se tem direito,  tour por todo o Brasil,  México e Estados Unidos.  Tudo isso me trouxe um intenso aprendizado e muito "tempo de jogo".

De que maneira a experiência que teve na prisão impactou a sua música?

Minha experiência na prisão impactou minha vida por completo,  em todos aspectos. Ao mudar meu modo de ver e viver o mundo, automaticamente influenciou minha música e forma de interpretar. Intensidade e maturidade.

Como foi que você começou a trabalhar com crianças autistas. O que isso representa para você e como começou?

Esse trabalho que comecei de musicalização com autistas, nasceu através de uma oficina de teatro que trabalha com musicais, voltados para projetos sociais, lá existem turmas de portadores de down, autistas, cadeirantes e deficientes físicos, projeto maturidade, deficientes visuais e auditivos.
Lá eu sou um dos cantores da banda responsável pela trilha sonora de todas as peças e projetos. A partir deste eventos, me aproximei de dois irmãos gêmeos autistas, que se mostraram fãs do meu trabalho. Um dia conversávamos eu os garotos de 19 anos e seus pais, muito queridos por sinal, toda a família, e surgiu esse assunto. Perguntaram se eu dava aulas de música, canto, guitarra, violão.
Eu disse que sim, mas com alunos autistas nunca havia trabalhado, e aceitei o desafio de imediato. Foi uma das melhores e mais gratificantes ações no qual me envolvi.  Já estou há uns dois meses fazendo um trabalho que me surpreende e ilumina à cada aula que passa. Estou encantado realmente... É um trabalho muito especial, diferente, ousado, e tenho aprendido muito com eles. Já estou com três alunos, estou amando!

Você tem músicas e planos para lançar um trabalho autoral?

Eu componho, mas enxergo isso de forma muito pessoal, quase um exercício poético e musical. Prefiro assumir a posição de intérprete. Estou com um projeto, já em andamento, de gravar um disco de composições inéditas de parceiros compositores que escrevem belas canções que me identifico a ponto de me "apropriar" através da minha interpretação.
Vou lançar nas próximas semana uma campanha de crownfunding no Kickante a fim de viabilizar a produção deste trabalho. Hoje, o artista precisa ser também o seu agente, empresário, correr atrás, literalmente. Este é o meu momento.

http://virgula.uol.com.br/musica/apos-passagem-pela-cadeia-ex-twister-lanca-carreira-solo-e-da-aula-para-criancas-autistas

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