sábado, 19 de outubro de 2013

Taxista sem autorização para trabalhar humilha passageiro deficiente

REVOLTANTE - Taxista sem autorização para trabalhar humilha passageiro deficiente e joga cadeira de rodas na rua

Sábado, 19 de Outubro de 2013 / 09:45 - Atualizado em Sábado, 19 de Outubro de 13 / 10:32

Um taxista da empresa Lig-Táxi, identificado inicialmente apenas pelo nome de “Edi”, é acusado por um casal de humilhar, constranger e difamar os passageiros na última quinta-feira (17) em Porto Velho. O militar reformado da Aeronáutica, Rafael Palheta Bezerra, 25 anos e a noiva, a administradora hospitalar Renata Bentes, contam que esta semana passaram pelos piores momentos de suas vidas e o motivo é porque o militar é cadeirante.

Vítima de uma tentativa de assalto em 2008, Rafael ficou paraplégico após ser atingido por um tiro durante a ação dos bandidos. A noiva, desde então, está sempre ao lado do companheiro e conta que não foi a primeira vez que eles passaram por uma situação humilhante, mas que com certeza, foi a pior.

“Nós ligamos para a Lig-Táxi e pedimos à atendente um táxi que transportasse deficiente físico. Essa senhora por sinal é sempre muito grosseira com a gente, extremamente intolerante e nos trata sempre muito mal. Já a denunciei várias vezes à empresa pela falta de educação como nos atende, acho que por isso não gosta de mim e do meu noivo”, conta a administradora.

Segundo Rafael, mesmo tendo pedido a atendente um carro que transportasse um cadeirante, o taxista que chegou para buscá-los ficou irritado ao perceber a condição de um dos passageiros.

“Quando ele me viu fez cara feia na hora. Como eu demoro um pouco pra entrar no carro ele já começou a reclamar, dizer que se soubesse que era “pra isso” ele não teria atendido a chamada, que já teria feito dez corridas, disse que "aleijado" e gente em supermercado ele não gostava de atender”, conta o militar reformado.

A noiva explica que quando entrou no carro percebeu que o motorista havia colocado o taxímetro na bandeira dois, mesmo não estando no horário.

“Eu questionei o motivo pra ele estar me cobrando bandeira dois se ainda não eram oito da noite. Ele foi bem arrogante quando me disse que pra transportar cadeirante ele cobra a mais e que já liga o taxímetro quando recebe a chamada, antes mesmo de chegar no destino. Foi aí que começou a discussão”, relata.

Segundo o casal, o taxista ficou irritado com os questionamentos e passou a humilhar a situação de deficiente físico de Rafael.

“Ele não respeitou nem minha sobrinha de três anos que estava com a gente no carro. Começou a falar barbaridades. Que aleijado é tudo sujo e que só presta pra “cagar e mijar” no carro dele e me acusou de já ter feito isso. Minha noiva pediu para que ele me respeitasse e ele continuou a nos humilhar, principalmente a mim. Foi quando não aguentei mais e pedi para parar o carro. Ele parou na hora, nos mandou descer aos gritos, tirou minha cadeira de rodas do porta malas e a arremessou na calçada. Minha sobrinha chorando, minha noiva nervosa, eu atônito com tudo aquilo, ainda dentro do carro tendo que esperar minha noiva montar a cadeira, me retirar de dentro sozinha e ele nos humilhando. Pessoas que estavam próximas viram tudo e vieram no ajudar ficaram indignadas com a conduta desse homem”, explica Rafael.

A noiva conta que Rafael não suportou a humilhação e começou a chorar muito, o que deixou a sobrinha ainda mais assustada. Segundo ela, uma viatura da Polícia Militar foi chamada e os integrantes da guarnição teriam ficado indignados com a atitude do taxista.

“Eles saíram atrás dele em seguida, foram muito atenciosos com a gente, quero muito agradecer ao Sargento Evandro e sua equipe. Uma pena não ter encontrado este homem, gente assim não pode estar nas ruas trabalhando com pessoas, causando esse tipo de situação humilhante. Meu noivo não levou um tiro porque era bandido não, ele estava trabalhando, não tem culpa e não pediu pra hoje estar em uma cadeira de rodas. Ele não precisa que tenham pena dele, ele só precisa do respeito das pessoas e de um pouco de tolerância diante de suas necessidades. Vamos processar esse homem por preconceito, danos morais, difamação e o que mais tivermos direito, vamos ao Ministério Público e também procurar a Associação dos Cadeirantes e iniciar um movimento para acabar com esse tipo de absurdo, de crime”, desabafa Renata.

SEMTRAN

O casal procurou a Secretaria Municipal de Transportes (Semtran) para denunciar a conduta do taxista, lá descobriram que o motorista não tem autorização para trabalhar na praça. Rafael e Renata foram informados ainda que o dono da placa será multado e que todas as providências serão tomadas.

“Quero deixar claro que não são todos os taxistas que agem dessa forma. Tenho muito respeito e gratidão por vários profissionais dessa mesma empresa que são muito atenciosos e entendem minha situação. Porém, vou até o fim pra garantir que isso nunca mais aconteça. E não vou lutar só por mim, pelo o que aconteceu comigo, vou lutar por todos que estão nas mesmas condições que eu e que merecem ser tratados com o mesmo respeito dado a quem não é deficiente físico. Vamos iniciar um movimento para colocar um fim ao preconceito”, promete o militar reformado.

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